Friday, March 09, 2007

Informativo da Fiel nº 19






No próximo dia 24 de março, sábado, os Gaviões abrirão suas portas para o associado eleger a nova diretoria que comandará a torcida pelos próximos dois anos. Abaixo, segue a entrevista com a "Chapa 13 Pelo Corinthians, com muito amor". Concorrem por ela Taércio Silva, presidente, e Reinaldo Frederico, vice-presidente, mais conhecidos como Viola e Dinho. Ambos são sócios dos Gaviões desde 1994. Viola tem 29 anos e trabalha como gráfico, montador e copiador de chapa. Dinho tem 28 anos, é metalúrgico e pai de uma menina de cinco anos.










Por que vocês querem presidir os Gaviões?

Viola - Porque estamos a fim de resgatar o corinthianismo. Isso foi uma coisa que a gente aprendeu quando entramos aqui e achamos que hoje está em segundo plano. Queremos fazer um trabalho para o associado e reestruturar nossa entidade.

E quais são as principais propostas da chapa em relação ao Corinthians?

Viola - Fazer uma política lá dentro para colocarmos um presidente honesto um dia. Tentar colocar bastante associado lá dentro porque hoje estamos carentes disso. E tentar fazer a nossa rapaziada se associar para começarmos um trabalho lá dentro porque a gente viu que só batendo surdo lá fora não vai adiantar nada. Não muda o sistema que existe no Corinthians.

E em relação aos Gaviões?

Dinho – É resgatar o corinthianismo e manter a nossa ideologia. Hoje o corinthiano aqui fica em segundo plano. Tem muita pessoa que vem com segundos interesses para a nossa entidade. Eu acho que a pessoa tem que vir aqui sem nenhum motivo particular. Tem que vir aqui porque é Corinthians. Não interessa se do portão pra fora o cara é médico, delegado, formado em educação física, não importa. O que importa é que do portão para dentro o cara vai exercer o corinthianismo dele. Isso ficou em segundo plano. Até para o cara se enturmar aqui na quadra e conseguir um espaço para ajudar a gente é difícil. A gente quer abrir as portas para o corinthiano.

O cara que vem aqui sem ganhar nada, mas quer ajudar. Hoje, escuto muito as pessoas dizerem que a gente tem que se profissionalizar, mas com isso estamos perdendo a nossa raiz. Eu só ouço que os Gaviões tem que ter dinheiro na conta, pagar suas dívidas, ter um carro abre-alas nervoso, mas e daí? Como é que a gente fica na arquibancada? Temos que fazer rifa para ter um bandeirão, a caravana é 50 conto, entrar no ensaio é 10 conto.

Só vem turista nos Gaviões. No sábado ficam 10 pessoas na quadra conversando: 5 falando de carnaval, 3 falando não sei do que mais. Você chega no Morumbi e tem 15 mil gavião pra 20 mil palmeirenses. Quem veio aqui na quadra no dia do jogo? A gente saiu em 10 ônibus contra o Palmeiras. É muito pouco para nossa grandeza. Por que o pessoal não vem aqui? Alguma coisa errada tem.

O pessoal não freqüenta mais os Gaviões. Compra a camiseta, vai embora e nunca mais volta. Na época que nós ficamos sócios dos Gaviões, essa quadra de sábado era lotada. Alguma coisa está errada e estamos tentando descobrir o que. Eu acho que é isso: começar a dar mais valor para quem é corinthiano. Se vier um cara aqui e não souber falar bem, se for analfabeto, mas souber levar o Corinthians a sério, se for ao estádio e gritar com a gente os 90 minutos, por que ele não pode ter um espaço aqui dentro?

Nosso corinthianismo tem que estar em primeiro plano. Hoje os Gaviões são divididos em muitos grupos e não pode ser assim. É uma família só do portão para dentro. O pessoal fala que nós dividimos os Gaviões, mas a gente não divide nada aqui. Eu vou para o meu jogo, venho no ensaio, mas quem mais vai para jogo? Por que um cara que não é ativo na arquibancada quer ser presidente de uma torcida? Dizem que a gente é muito novo para administrar, mas quando é arquibancada, caravana, nós podemos ser liderança.

Como é que vai ser a relação da diretoria de vocês com outras torcidas organizadas do Corinthians?

Viola
- Hoje em dia a gente tem até alguns problemas com a Camisa 12, mas achamos que a gente tem que se unir com eles sim, independentemente dos problemas que os Gaviões tiveram com a 12 na fundação. A nossa geração participou muito com esse pessoal da Camisa 12, viajamos com eles por um bom tempo.

Se depender dessa diretoria os Gaviões continuam no carnaval?

Viola - Sim, com um carnaval pé no chão. A gente precisa se reestruturar, devemos muito na praça. É meio que sem lógica ganharmos R$ 600 mil para fazer um carnaval e gastarmos um milhão. E não termos uma frente nova na quadra, um portão, um bandeirão, uma faixa. Se nossa quadra tem um buraco no teto, a gente vai lá e dá uma remendada. Acho que a nossa quadra está ficando ultrapassada e a gente tem que pensar no nosso patrimônio.

Dinho – Em relação às cobranças em cima do sócio, nós deveríamos fazer um carnaval para unir o corinthiano. Só que aí a gente cobra R$ 10 para ver um ensaio, sendo que para ver o Coringão no estádio, quem tem carteirinha de estudante paga R$ 7. O nosso ensaio é R$ 3 mais caro que o jogo do Corinthians. Todo mundo fala que a torcida do Corinthians é torcida do povão, que nós somos povão, mas uma fantasia nossa é R$ 300. É o primeiro turno inteiro do jogo do Corinthians. É um absurdo cobrar isso de corinthiano. Sai R$ 10 o ensaio e R$ 3 uma kaiser. Vamos fazer um carnaval mais pé no chão porque assim gente não explora tanto o corinthiano que vem aqui. Chega de sangrar a nossa torcida do jeito que está. Para nós fazermos a uma bandeira a gente tem que passar uma rifinha. Nós não temos só 5 anos de existência não.

Viola - Nós sabemos que para se ganhar um carnaval não precisa gastar tanto dinheiro. A gente tem como exemplo a Mocidade Alegre que gastou R$ 450 mil. O Império da Casa Verde gastou R$ 3 milhões e não ganhou. Então acho que não é só dinheiro. Em 1999 a gente ganhou o carnaval que falava de São Luís do Maranhão e entrou capengando. Remendando carro com 5 minutos para entrar no desfile. Nem sempre carnaval se ganha com dinheiro.

Quais são os planos da chapa para os sócios dos Gaviões?

Dinho - A gente quer que o sócio pague mensalidade, mas o que temos para oferecer para ele? Nem jogar bola de sábado ele pode mais porque tem a feijoada, então o cara vem aqui fazer o que? Ele tem R$ 5 em desconto na camisa, R$ 5 de desconto em uma caravana. O que a gente tem que fazer é um trabalho humilde. Abrir as portas para o corinthiano. Do mesmo jeito que ele entra na casa dele, ele vai entrar aqui.

Se vai para o jogo, vai conosco. Se vai cantar os 90 minutos, vai conosco. Se der para baratear nossa roupa, a gente vai baratear. Você vai ao shopping e uma camisa custa R$ 40, chega aqui nos Gaviões e uma camisa também custa R$ 40. Não sou a favor dessas coisas. Onde fica a torcida do povão? A gente vai ao estádio cantar "corinthiano, maloqueiro e sofredor, graças a Deus", mas onde é que está? Está tudo elitizado aqui dentro.

A gente fala que no Corinthians tem um monte de boy no comando, mas aqui a gente também explora o sócio. Não vai dar pra fazer tudo que a gente quer, mas no ensaio, por exemplo, a gente tem a idéia de botar uma bilheteria a três, quatro reais e se o cara vier e mostrar o ingresso do último jogo do Corinthians ele entra de graça. Corinthiano vem com a gente. Temos que pensar não só nos Gaviões, mas na torcida do Corinthians como um todo. Falar o que a gente vai fazer aqui pra você é difícil. A gente não sabe como vai pegar a nave. Mas o que der pra fazer a gente vai fazer, pode ter certeza.

E a participação do Conselho dos Gaviões? Como vocês pretendem chamar o conselho de volta?

Viola - A gente vai fazer um novo conselho porque o nosso conselho já era. Só existe conselho quando existe interesse aqui. A gente acha que tem que ser aberto para os sócios votarem para o conselho, para cada um escolher seu representante, porque o negócio é muito fechado. Se o presidente vai ser eleito pelo povo, acho que para conselheiro o povo também tem que ter esse direito.
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Concorrendo à presidência dos Gaviões da Fiel nas eleições do próximo dia 24 de março, Herbert César Ferreira tem 36 anos e é sócio dos Gaviões desde 1986. Seu vice é Renato Luis de Sousa, ou Renato Preto, que também fará 21 anos de Gaviões em 2007. Herbert está diariamente da quadra e é encarregado do almoxarifado. Para isso, recebe uma ajuda de custo de R$ 500. Seu sustento vem do salário pago pelo patrão em Guarulhos, que o dispensou por 2 anos para trabalhar com os Gaviões. Renato Preto trabalha de manhã em um escritório de advocacia e a noite faz faculdade de Educação Física, por isso não pôde comparecer na entrevista.










Por que vocês querem presidir os Gaviões?

Herbert - Entrei nos Gaviões no dia 10 de setembro de 1986 e logo fui para o departamento de bandeiras. Fiquei nas bandeiras e acho que o sonho de todo o Gavião é estar aqui para representar o Corinthians. Hoje essa oportunidade de ser presidente dos Gaviões surgiu pra mim e vejo as dificuldades da nossa torcida. Acredito que à frente dos Gaviões nossa experiência ajudará muito. É um sonho ser presidente da nossa entidade, mas o que eu quero mais é representar o Corinthians e tirar os Gaviões dessa fase ruim que está passando.

E quais são as principais propostas da chapa em relação ao Corinthians?

Herbert - É difícil falar do Corinthians se a gente está ruim aqui dentro. Mas as propostas serão sempre cobrar e fiscalizar o clube, cobrar os jogadores se eles estiverem ruins, que é o que está acontecendo. Cobrar a diretoria do Corinthians sempre que precisar e apoiar o time os 90 minutos na arquibancada. Arquibancada é lugar de protesto, mas principalmente gritar os 90 minutos para apoiar o Corinthians. Para protestar a gente deve ir ao Parque São Jorge, na imprensa. Na arquibancada, nós não devemos xingar os jogadores, lá a gente deve incentivar.

E em relação aos Gaviões?

Herbert - Aqui nos Gaviões da Fiel a gente vai resgatar os sócios. A proposta inicial é dar atividades para eles, trazê-los de volta porque está precisando. O cara vem aqui no sábado que é o dia de mais movimento e não tem nenhuma atividade. Não tem um salão de jogos, não tem uma participação maior dos sócios. Vamos dar uma abertura maior para o sócio poder participar de todos os setores dos Gaviões. Por exemplo, o cara gosta de arrumar uma bandeira, fazer uma bandeira, ele será das bandeiras. Se o cara gosta do departamento de patrimônio, ele estará participando do departamento também.

Nós vamos dar abertura porque isso não está tendo aqui. O planejamento principal para os Gaviões é resgatar o nosso sócio. E a gente tem inúmeras dívidas para pagar: água, luz, IPTU. Precisamos arrumar a nossa casa e fortalecer nossa comunidade, nossas quebradas, subsedes. Esse é o planejamento que a gente tem para melhorar os Gaviões. A vaidade de alguns membros nossos está sendo maior do que tudo.

Como é que vai ser a relação da diretoria de vocês com outras torcidas organizadas do Corinthians?

Herbert - A gente estava em um debate com o pessoal da nossa chapa sobre isso. Estão acontecendo brigas internas nossas com outras torcidas do Corinthians. Já conversamos com a Estopim da Fiel, com a Coringão Chopp e falta falar com a Pavilhão 9 e com a Camisa 12. A gente vai chamar o pessoal e fazer um trato na arquibancada, planejar gritar os 90 minutos. A gente vai combinar cinco gritos, além do hino do Corinthians que é o principal. Esses cinco gritos todas as torcidas cantarão juntas. Hoje em dia o cara grita mais "Camisa 12, Camisa 12" ou "Gaviões, Gaviões" e esquecem da nossa existência maior que é o Corinthians.

Então a gente vai chegar nas torcidas organizadas e fazer um planejamento na arquibancada junto com eles. Acho que essa "brigaiada" toda é por conta da vaidade que está existindo. A contaminação está sendo passada para todas as torcidas organizadas do Corinthians. Então a gente tem que se juntar e a relação será de respeito como sempre foi, mas trabalharemos a arquibancada junto com todas as torcidas.

Se depender dessa diretoria os Gaviões continuam no carnaval?

Herbert - Os Gaviões não têm que sair do carnaval. Se há pontos negativos no carnaval a gente deve melhorá-los. Com essa diretoria, com certeza absoluta, os Gaviões vão continuar no carnaval e disputarão no Grupo Especial. Nada de grupo de torcida. Representaremos o Corinthians na avenida também. E representaremos os 25 milhões de corinthianos.

Quais são os planos da chapa para os sócios dos Gaviões?

Herbert - Como falei anteriormente, hoje o cara vem na quadra e o material é caro. Os Gaviões cresceram demais para a estrutura que nós temos na lojinha hoje. A lojinha é pequena e nós sabemos disso. Nós vamos dar atividades para o sócio. Vamos pegar o Amsterdan (clube ao lado dos Gaviões) com o pessoal da Velha Guarda e reformaremos tudo lá dentro. Lá vamos colocar salas de atividades: salas de computação, costura, capoeira.

Resgataremos os sócios para ele começar a vir para a quadra. E daremos todas as opções como campeonatos internos. O mais importante é que ele tenha o que fazer aqui. Um salão de jogos, aquele clube, a lojinha. Nós sabemos que os preços da lojinha são caros e a gente vai tentar diminuir o preço. Nós temos várias questões que estamos discutindo, como ter a nossa própria confecção.

E a participação do Conselho dos Gaviões? Como vocês pretendem chamar o conselho de volta?

Herbert - Faz um ano que não temos eleição de Conselho. Quando tem reunião é eleição ou é para votar em algo. Contra ou favor do carnaval, ou para eleger alguém. A gente está discutindo isso também. Se a nossa chapa ganhar, a nossa diretoria vai assumir e, assumindo, uma semana depois a gente já quer o Conselho Deliberativo também junto conosco.

O Conselho é o órgão soberano dos Gaviões e a diretoria é o segundo poder dos Gaviões. Tudo o que for além da diretoria nós estaremos compartilhando com o Conselho. Ter Conselho também é lei e está no estatuto. Nós gostaríamos muito de assim que entrarmos, um Conselho novo entrar junto conosco. Se for assim, maravilha porque tudo que passar dos nossos limites, nós colocaremos para o conselho. Vamos andar lado a lado: Conselho e diretoria.
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