Monday, February 12, 2007

INFORMATIVO 16





Ano I- n. 16 - 09 a 16 de Fevereiro de 2007

Diagramação: José Medeiros

O dia que conheci o CORINTHIAN–CASUALS

Mari Cordovani, direto de Londres

23 de janeiro de 2007. Acordei tarde e passei o dia meio enrolada. Acho que estava era tensa e ansiosa pelo dia. Eu tinha que pegar um trem às 18h para me encontrar com o Terry, às 19hs, em Surbiton para ir até o Corinthian-Casuals. No fim da tarde, vesti meu kit maloca como de costume para os jogos do Timão e fui para Clapham Junction, onde peguei o trem.

No caminho pensava nos meus amigos alvinegros, na gratidão e privilégio que sinto por estar indo conhecer o lugar onde nosso destino começou a ser escrito, há quase um século! Surrey é um bairro um pouco afastado de Londres e é lá que fica o Corinthian-Casuals.

A viagem de 15 minutos pareceu que durou 10h. Toda a história do Corinthians Paulista passava como um filme pela minha cabeça, assim como a minha história pessoal com o Corinthians. O trem parou, desci nervosa. Subi as escadas da saída quando vi um homem vendendo flores. Esse era o ponto de encontro com o Terry. Parei pra pegar uma camisa do Brasil pra que ele me identificasse e ouvi:

- Mariana? - com um certo sotaque engraçado - I'm Terry! Nice to meet you!!!

Eu não sabia se chorava ou ria de tanta alegria! Enquanto andávamos para o carro dele, onde sua esposa nos esperava, ele tirou um pedacinho de papel do bolso e leu:

- Oi, tudo bem? Bem-vinda a Londres!
Antes de ir para o Casuals passamos na casa dele e conheci os 3 filhos: James, que joga pelo time principal e os gêmeos, que estão nos juniores. James está machucado e por isso não jogaria. Terry pediu licença e subiu. Fiquei na sala.

Ele voltou e me entregou duas camisas do CORINTHIAN-CASUALS, a do time infantil e a do time principal. Quase não contive o choro ! Chegava a hora e fomos para o clube. No caminho fomos conversando sobre a história do Casuals e ele me disse:

- Eu faço isso tudo por amor! Eu não ganho nada do Corinthian, mas eu amo! Acredito que sou como...qual é o nome??? Gaviões???

Sim, Terry. Você, com toda a certeza, é um Gavião! Ser Corinthians está na alma, no sangue, em todas as células do corpo. O Terry treina o time infantil do Corinthian-Casuals e não ganha absolutamente nada por isso, assim como todos os que estão lá, são todos voluntários.

Entramos numa ruazinha e ele disse: - Bem-vinda ao seu clube!

Eu comecei a chorar de emoção. Paramos o carro e eu tremia, não sei de frio (estava 0 graus) ou de nervoso. O Casuals é pequeno. Tem um campo principal, um menor onde os juniores treinam, os vestiários, um bar e a sala da presidência (um container). Entramos nessa sala e fui recebida pelo Geoff (um dos diretores) da melhor maneira possível: com chá inglês.

Eles me contaram a historia do Corinthian-casuals e da visita do Dualib, que deixou a marca de sua grosseria por lá: quando o Terry foi mostrar a camisa dos Gaviões (do Wesley) que eles tem na parede, o Dualib disse que nós só queremos brigar e não apoiamos o Corinthians.

Eu estava encantada com a simplicidade de tudo e imaginava nosso Corinthians Paulista em seus primórdios. Tirei o cachecol dos Gaviões que estava usando e dei para o Terry e Geoff, que me deram um do Corinthian-Casuals. Colocaram o meu na parede, junto com a camisa que o Wesley deu pra eles.

Estava na hora do jogo e fomos para o campo. O Terry estava animado porque no último jogo, o Casuals venceu o time que estava no primeiro lugar da tabela (e o Casuals está em último). Há espaço para cerca de 400 pessoas lá, mas o público não passava de 200. Fazia um frio de congelar os ossos, já devia estar uns -2°C!!!

Começou o jogo. O Corinthian-Casuals enfrentava o Maidstone Town, um time com boa classificaçao e com jogadores profissionais, eles recebem pra jogar.

O Terry olhou pra mim e disse: “cruze os dedos, você vai nos trazer sorte!!!”

Aos 37 do primeiro tempo o n°9, Daniel Green, abriu o placar para o Corinthian-Casuals numa bela jogada pela ponta esquerda. Já nos descontos o Maidstone empatou. Intervalo. Fomos para o bar e fui apresentada ao John Cracknell, um senhor que faz parte da diretoria do Casuals. Ele ficou feliz e emocionado com a minha visita.

Logo em seguida o Rob Cavallini apareceu e sentou-se na nossa mesa. Cara de inglês, ruivo, olhos azuis e uma touca do Timão!!! Foi até lá porque viu o agasalho dos Gaviões e que eu estava com o Terry, que comentou que eu era brasileira e corinthiana. O Rob é mais um apaixonado pelo Corinthians Paulista! Já esteve no Brasil diversas vezes e foi a muitos jogos, inclusive contra os Bambis (palavras dele!!!).

Começou o segundo tempo e voltamos para o campo. Eu e o Terry nos sentamos perto do Kate, que treina o time de juniores atualmente. O Maidstone fez um gol e começamos a gritar apoiando o time e o Casuals empatou o jogo. O juiz deu o gol, mas o bandeirinha anulou. Disse que teve uma falta, que só ele mesmo viu. O juiz acatou!

Terry e Kate falaram alguns palavrões que não conheço e me disseram que era melhor eu não entender. Enquanto isso, eu soltava um “filho da puta” , em coro com o Rob (que conhece alguns em português).

Acabou o jogo e perdemos por 2 x 1 de virada. Infelizmente, não dei sorte como o Terry acreditava, posso até dizer que sou pé gelado, tava frio demais! Fomos tomar uma cerveja no bar e discutimos o jogo, as falhas e os feitos do time. Quase 23hs e eu tinha que ir embora.

Os momentos lá no Casuals foram mágicos e a lembrança deles nunca vai sair da minha memória. E que assim seja! O Terry me deixou em Surbiton e peguei o trem de volta para Clapham Junction.

No caminho, cachecol, touca e camisa do Casuals nas mãos, lágrimas nos olhos e um sorriso gigantesco, além da sensação infinita de que temos que fazer muito mais pela nossa história. Essa foi uma noite para a minha história!

GO CASUALS!!! VAI CORINTHIANS!!!

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Você sabia?

Carine de Almeida

O Maradona é o xodó da Fiel. Calma! Não se trata de Dieguito, mas de outro Maradona. Quem freqüenta a quadra com certeza já cruzou com ele, sempre embaixo de uma mesa, esperando que algum coração generoso compartilhe um pedaço de carne.

Pois é, o Maradona nada mais é que o simpático cachorrinho que habita nossa quadra. É tão querido por todos que possui até comunidade no orkut, com 86 amigos.

Tem suas origens na zona leste quando foi trazido pelo finado Chocolate, Peninha e o Negão do Barracão. Morou no barracão da Barra Funda até ser trazido pelo Bocão aqui para a quadra, explica Herbert César na comunidade. Já foi até chamado de Feliz, mas agora todos o conhecem por Maradona.

Há várias histórias sobre ele, como brigas, atropelamentos e o desaparecimento em Santos. Todos ficaram desesperados procurando o cachorro e ele estava ao lado da churrasqueira, curtindo o maior sambão. Maradona já foi até capa de jornal, quando foi levado pelos meninos da quadra para um treino do Corinthians.

Abaixo, segue uma ficha técnica para apresentar um pouco melhor o xodozinho da Fiel:

Nome: Maradona
Idade: Aproximadamente 8 ou 9 anos
Peso: Depende de quanto churrasco comer no dia
Procedência: Zona Leste
Dono: Gaviões da Fiel
Atividades prediletas: Freqüentar a quadra todos os dias, principalmente nos churrascos, feijoadas e afins, além de escutar sempre um bom samba
Onde pode ser encontrado: Na quadra (debaixo de alguma mesa) ou brigando com os cachorros do Amsterdã, sempre
Fatos curiosos: Desaparecimento em Santos e atropelamento na Marginal por 3 vezes

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Neto, o eterno camisa 10

Leonor Macedo

Segue a segunda parte da entrevista com José Ferreira Neto.

IF - De que maneira a torcida marca o jogar em sua passagem pelo clube?

N – A paixão do torcedor é inigualável. Você pode mudar de marido, de religião, de casa, mas nunca de time. Eu nunca vi ninguém torcer pelo Guarani e mudar para a Ponte ou torcer Corinthians e mudar para o Palmeiras. Não dá para dimensionar paixão, amor, sentimentos. Agora, a torcida do Corinthians tem um sentimento diferente e é impossível dimensionar o que é o Corinthians em termos de paixão. Eu só vim saber isso depois que eu parei de jogar futebol.

Porque quando você está jogando não sabe o que significa o sentimento que as pessoas tem quando torcem por você. Elas torcem pelo Corinthians. Ninguém torceu pelo Rivelino, pelo Baltasar, pelo Cláudio Cristóvão, pelo Teleco, pelo Gilmar. O torcedor do Corinthians torce pelo Corinthians, pelo Sport Club Corinthians Paulista.

Aí depois que vem a paixão pelos ídolos e a identificação pelos jogadores, porque muitos gostam de mim. Até me idolatram na rua, coisa que não imaginava e não sabia como acontecia. Hoje eu sei porque eu vejo na rua quando as pessoas me encontram. Não sou nem um tiquinho vaidoso, levo uma vida normal, continuo a mesma pessoa. Não mudei os meus hábitos, o vestir, minha forma de falar.

Mas a paixão do torcedor eu não tenho como descrever. O amor que essas pessoas sentem pelo Corinthians é uma coisa muito bonita, muito linda, parece igual a amor pelo filho.

IF – Como é a sua relação com a diretoria do Corinthians hoje?

N – Fez 15 anos do primeiro título brasileiro e nunca ofereceram nem um almoço para nós. Nunca fizeram merda nenhuma por esse título, a não ser o torcedor. O torcedor do Corinthians é diferente de todas essas pessoas que comandam o Corinthians hoje. O reconhecimento que eu tenho, que o Ronaldo tem, o Marcelo, o Fabinho, o Tupãzinho, o Wilson Mano, o Márcio, por parte da torcida vale muito mais do que qualquer coisa que a diretoria possa fazer pela gente. Essa diretoria não está nem aí para a história do Corinthians. E se eles me chamarem, vou mandá-los para a p.q.p.

IF – E a MSI?

N – O Corinthians foi vendido a preço de banana para a MSI e é uma vergonha!!!!

IF – Qual a sua relação com os Gaviões?

N – Fui poucas vezes na quadra. Todo mundo sabe da força que os Gaviões tem. Antes eu acho que tinha muito mais força, hoje nem tanto para falar a verdade. Mesmo assim, eu acho que os Gaviões sempre foram fiéis a sua ideologia de questionar a diretoria do Corinthians, cobrar os jogadores e se posicionar sempre a favor do Corinthians. Esse é o propósito da torcida, na minha opinião. Ser uma agremiação independente que procura sempre o beneficio para o clube. A Gaviões foi super importante para a minha carreira no Corinthians.


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