Wednesday, December 27, 2006

Texto tirado do livro "Gaviões da Fiel - futebol, carnaval e identidade", autoras Mailu Teixeira Cardoso e Thaís Argôllo Coutinho

Do outro lado do mundo
No dia 18 de setembro de 2005 nasceram os Gaviões da Fiel Japão. A entidade foi idealizada por oito associados dos Gaviões no Brasil, todos descendentes de japoneses, que moram e trabalham lá: Ricardo Saka, Julio Gushiken, Marcio Yanai, Ronaldo Hideo Yshigaki, Mauricio Okabayashi, Fernando Okabayashi e Harry Takeshi. O oitavo é Cleiton Lima Kamiya, de 34 anos, operário. Ele é sócio dos Gaviões desde 1991 e mora há seis anos no Japão, onde cuida do Departamento de Carteirinha da sub-sede. A entidade foi criada como um meio de amenizar a distância que os separava do Corinthians. "Chegando aqui conheci alguns gaviões, e, conversando, resolvemos fazer alguns encontros pra matar a saudade do Timão e da torcida, mas a cada festa foi aumentando o número de corinthianos.
Um dia, voltando do trampo, vi um gavião fardado. Começamos a conversar. Ele conhecia outros e o pessoal começou a se juntar. Hoje estamos com mais de 200 associados", conta Cleiton. O grupo se encontra a cada três meses, aproximadamente, quando realizam bingos, sorteios, entrega da carteirinha dos novos associados e, como não podia faltar, churrasco, bateria e futebol.
Por causa da distancia e pelo pouco tempo de existencia, a sub-sede no Japão ainda não foi oficializada pelos Gaviões, mas eles são autorizados a vender artigos da torcida e a fazer novos sócios. Por enquanto, não há um espaço próprio. Geralmente os encontros acontecem em quadras alugadas ou parques da prefeitura da cidade de Shizuoka, onde mora a maioria dos associados. "Mas tem gente de todo o Japão, que viaja cinco, seis horas só para or aos encontros." A festa em comemoração ao aniversário de um ano foi na cidade de Gifu.
Os diretores no Japão sempre se comunicam com a sede por telefone e pela internet e contam com o apoio da associada no Brasil, Miriam Aiko Yokomizo. "Ela sempre nos ajudou, é nossa porta-voz e nos representa na sede, no Brasil, entre outras coisas. Quando ela veio para o Japão, em agosto de 2006, foi maravilhoso. Fizemos a maior festa, com direito a churrascada e bateria! Todos aqui estavam ansiosos para conhecê-la. Ela é um ser humano maravilhoso, uma guerreira", conta. Em retribuição a tanta dedicação, Miriam foi nomeada Madrinha dos Gaviões Japão e, na data de sua visita ao paíes, foi homenageada com uma placa de agradecimento.
Viver longe do país de origem, muitas vezes trabalhando mais de 12 horas por dia, é dificil, ainda mais em uma cultura tão diferente da brasileira. Mas, no Japão, essas pessoas conseguiram criar um pedaço do que mais gostam no Brasil lá. "É um modo de nos sentirmos perto do nosso Corinthians. Os Gaviões representam tudo pra mim, não imagino a minha vida sem essa torcida. L.H.P. diz tudo que um ser humano precisa ter. É muito bom ter um pouco disso aqui também",c conclui Cleiton.