Wednesday, April 04, 2007

PARTE 6 "OS BASTIDORES DO CARNAVAL DOS GAVIÕES"

Barracão

No barracão, que é a fábrica do carnaval da escola, o carnavalesco divide o tema em setores. Cada setor é representado por uma alegoria, que são os carros alegóricos que narram maior parte do enredo de uma escola de samba e também são cenários de fundo das alas que vêm à frente. Para o carnaval de São Paulo, a Liga das Escolas de Samba permite que cada escola dispute com cinco alegorias. Para a confecção dessas alegorias há uma diversificação de profissionais: ferreiros, carpinteiros, pintores, escultores, modeladores de gesso e fibra de vidro, além das pessoas responsáveis pelos adereços.
Para a construção dos carros, o primeiro passo do carnavalesco é desenvolver as plantas baixas, que são entregues ao ferreiro para execução. Quando se termina a primeira planta de um carro é que se inicia o processo de marcenaria, a estrutura de madeira que fica acima das plantas baixas. Nessas estruturas vêm os destaques principais da agremiação, que costumam se dividir na parte central alta e baixa, e nas laterais esquerdas ou direitas. Essas estruturas são conhecidas como queijos. Nos altos queijos os destaques da escola apresentam suas ricas fantasias.
Andando na mesma mão, os artistas plásticos começam a esculpir o gesso, seguindo rigorosamente a forma esboçada e desejada pelo carnavalesco. As esculturas, com seu caráter alegórico, constituem a atração central dos carros. Mas existem outros elementos na construção do carro alegórico, tais como o processo de laminação, que são as fibras que servem para dar liga nas montagens, e a pintura.
O último processo na obra é o de confecção dos adereços – um conjunto de ornamentos que combinam entre si. O trabalho de adereço é luxuoso e delicado, por isto é realizado habitualmente por mulheres.
Depois de passar por todos os processos de confecção no barracão, na semana do desfile os carros são enviados para o Anhembi. O percurso é longo e com muitos obstáculos. A primeira barreira é a própria saída do barracão, dificultada pelo fato de os carros serem grandes e largos. Para o transporte dos carros alegóricos, a entidade mobiliza a Companhia de Engenharia de Tráfego - CET e a Eletropaulo, já prevenindo eventuais problemas que possam ocorrer durante o percurso. Todos componentes da escola são convocados para ajudar a empurrar os carros. E todos têm vontade de colaborar, numa maratona que vara a madrugada.